sexta-feira, 31 de agosto de 2007


A morte vem de longe
Do fundo dos céus
Vem para os meus olhos
Virá para os teus
Desce das estrelas
Das brancas estrelas
As loucas estrelas
Trânsfugas de Deus
Chega impressentida
Nunca esperada
Ela que é na vida
a grande esperada!
A desesperada
Do amor fratricida
Dos homens, ai! dos homens
Que matam a morte
Por medo da vida!

Vinicius de Moraes

quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Instinto assassino







Amigos ajudem-me...a cadela da minha vizinha não me deixa dormir há uma série de noites e começo a ter desejos macabros de acabar com ela...preciso de ajuda, de terapia e de distracção. Ah, e preciso mesmo muito de umas valentes horas de sono, SEM CADELAS IRRITANTES A LADRAR POR TUDO E POR NADA!!!



UUFFF...alguém me empresta um bocadinho de chão numa casa sossegada???






quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Velhotas, Trevos e...Sacos de Plástico


E já que abri o livro de recordações lembrei-me de outra bem gira, nesta mesma tarde, no mesmo jardim. Estávamos nós os três sentados na relva, o Mi à minha frente e eu de costas para um arbusto quando diz o Mi:

-« Cuidad...»

Eu nem o deixei acabar a frase, meti na cabeça que estava um rato atrás de mim (talvez por viver um no jardim da nossa faculdade e que de vez em quando dava os ares da sua graça), mandei um ensurdecedor grito e atirei-me para cima do Mi, ficando os dois entendidos na relva.

O Mi e a Jeanne desmancharam-se a rir, bem como todas as pessoas que estavam no jardim; e, afinal, o que estava atrás de mim era apenas um saco de plástico de um qualquer supermercado...

Até hoje continuamos a gozar com esta história (bem como tantas outras) e a atirar-nos uns pra cima dos outros a gritar: SACOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO!!!


Saudades dos ursinhos...

Trevos e velhotas

Ontem, a ver o anúncio do Jumbo («la la la/ é como encontrar um trevo na tromba de um elefante») lembrei-me de um situação deliciosa que vivi há mais de um ano.
Estávamos eu, o Mi e a Jeanne num dos nossos passeios por Lisboa quando resolvemos sentar-nos um pouco no jardim do Saldanha (onde era a antiga rodoviária). No meio de um esquizofrenico debate (tipico dos ursinhos carinhosos) eu lembro-me de dizer:
-« Se eu fosse velhinha não gostava de viver em Lisboa...ter que andar sempre a correr para apanhar o autocarro e para não ser assaltada...»
- «AHAHAH!!! Sim Marie, porque o que se vê mais é venhinhas a correr! És mesmo totó!!» - responde Jeanne num tom jocoso.
De repente olhamos para o lado e vai uma velhota a correr, a correr, a correr...bem, foi uma barrigada de rir!!!

Moral da história: o improvável acontece muitas vezes! ou será que não?!... =)

terça-feira, 28 de agosto de 2007

Que fartura pah!!




Tou um bocadinho cansada dos fantasmas que carrego às costas há algum tempo...alguém conhece uma forma de os atingir mortalmente e evitar que eles regressem?

segunda-feira, 27 de agosto de 2007

E por falar em sonho...


E por falar em sonho deixo aqui um poema de que sempre gostei muito e com o qual, muito oportunamente, me deparei agora:

Eros e Psique,

Fernando Pessoa


Conta a lenda que dormia

Uma Princesa encantada

A quem só despertaria

Um Infante, que viria

De além do muro da estrada.

Ele tinha que, tentado,

Vencer o mal e o bem,

Antes que já libertado,

Deixasse o caminho errado

Por o que à Princesa vem.

A Princesa Adormecida,

Se espera, dormindo espera,

Sonha em morte a sua vida,

E orna-lhe a fronte esquecida,

Verde, uma grinalda de hera.

Longe o Infante, esforçado,

Sem saber que intuito tem,

Rompe o caminho fadado,

Ele é dela ignorado,

Ela para ele é ninguém.

Mas cada um cumpre o Destino-

Ela dormindo encantada,

Ele buscando-a sem tino

Pelo processo divino

Que faz existir a estrada.

E, se bem que seja obscuro

Tudo pla estrada fora,

E falso, ele vem seguro,

E vencendo estrada e muro,

Chega onde em sono ela mora,

E, inda tonto do que houvera,

À cabeça, em maresia,

Ergue a mão, e encontra hera,

E vê que ele mesmo era

A Princesa que dormia.


sonho











Porque o poder de sonhar é das melhores coisas que temos, aqui vai uma deliciosa dica de como colorir a vida...vamos lá todos pegar nos nossos lápis de cera...

sexta-feira, 24 de agosto de 2007


«Tudo se despedaçou. o sonho, e o amor que é sempre tão breve.o mundo dorme sob o vento. só eu continuo acordado, em vigilia. se houvesse agora uma catástrofe eu daria por ela. levantar-me-ia daqui para encarar a morte, dizer-lhe que são inutilidades o que arrasta consigo.


estou gasto. dei-me sempre mais do que podia. não há nada que me possam roubar, sou um homem espoliado de todos os bens, de todas as doenças, de todas as emoções. sou um corpo pronto para a viagem sem regresso, para o crime e para a morte. sou um corpo que se evita, um homem que cujo nome se perdeu e cuja biografia possivel está no pouco que escreveu. sou um corpo sem nacionalidade, pertenço às profundidades dos oceanos, ao voo da ave migrante. sou um alfabeto e não sei se terei tempo para me decifrar.


lá fora anoiteceu.


São raras as claridades que do meu sangue sobem ao rosto. há um lume invisivel no teu olhar, uma visão que o espelho me revela: cintilam cristais enquanto dormes, uma árvores cresce nos pulmões. assim construo paisagens, assim te ofereço a morada de sossego e de prazer. mas tu não vens, porque me és exterior. posso criar o universo inteiro a partir das minhas células, só não posso criar-te a ti, corpo que morre na falsa juventude dos espelhos...


...a paixão revelou-se-me no instante em que percebi que sabia quase tudo da vida, mas já não foi possivel perder-me na tentação do suicidio. nunca amei e nunca fui amado: ignoro se isto é verdade, o mais provável é ter inventado, um dia, esta mentira, unicamente para me salvar.


que horas serão para lá deste século?

onde estaremos neste momento?

estarei eu em ti ou serás tu que me devoras e me comoves?


...o teu nome, pronuncia o teu nome para que seja possivel esquecer-me do meu. diz-me o teu nome de ontem, quando éramos o reflexo exacto um do outro. toca-me o rosto com o teu nome, ou pousa-o sobre as mãos; debruça-te para dentro de mim e deixa que o segredo do tempo fulmine os ossos.»


O Medo, Al Berto

quarta-feira, 22 de agosto de 2007

Afinal...




Bem, afinal não comecei ontem as minhas aulas de Pilates...e não comecem já a chamar-me preguiçosa e sei lá mais o quê (coisa, aliás, que é completamente falsa...) porque motivos de força maior se levantaram. Falando com uma amiga descobri que a Companhia de Dança de Évora também dá aulas e faz uma mistura de Pilates com Yoga, de "maneiras" que...acho que prefiro esta última hipótese, por isso vão ter que morder a curiosidade até Setembro!!! EHEHEH




Quando começar a dar aulas particulares informo os inúmeros interessados... =P

terça-feira, 21 de agosto de 2007

Vá a fazer qualquer coisinha...



Talvez vá começar hoje as minhas aulas de Pilates...trabalhar o corpo e tentar relaxar um pouco a mente...
Depois conto como foi =)


A pedido de muitas familias cá está o Simpson que o Mi fez da minha pessoa...se não pareço uma prostituta de rua pareço quanto muito uma daquelas belas cantoras que aparecem por esta altura nas festas dos emigrantes... OBRIGADA MI =)

segunda-feira, 20 de agosto de 2007

The Simpsoooooooooooooooooooons



Esta seria eu se algum génio criador se tivesse lembrado de me transportar para o filme dos Simpsons!!! =)


«Ouço sempre o mesmo ruído de morte que devagar rói e persiste...

Uma vila encardida-ruas desertas- pátios de lajes soerguidas pelo único esforço da erva- o castelo- restos intactos de muralha que não têm serventia. Uma escada encravada nos alvéolos das paredes não conduz a nenhures. Só uma figueira brava conseguiu meter-se nos intersticios das pedras e dela extraiu suco e vida. (...) Sobre isto um tom denegrido e uniforme: a humidade entranhou-se na pedra, o sol entranhou-se ma humidade. (...)

Silêncio. (...) Ouço sempre o trabalho persistente do caruncho que rói há séculos na madeira e nas almas.»

Húmus, Raúl Brandão



«Ás vezes o amor, no calendário noutro mês é dor,

é cego e surdo e mudo...»

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

Notes on a Scandal


«As pessoas sempre me confiaram os seus segredos , mas a quem confio os meus?»
15 de Agosto de 2007, feriado, tarde passada à volta das colheres de Nutella que adocicavam a rigidez e frieza que passava no écran. De facto Diário de um Escândalo é um filme que aconselho, não só pelo fantástico desempenho de Judi Dench, como também pela acção que se desenrola à nossa frente sem pedir permissão. Não é um filme que seja soberbo pela sua espectacularidade cinematográfica, mas é um filme que tem muito para nos oferecer, principalmente objectos de reflexão.
Obsessão, desejo, frustração, pedofilia, homossexualidade feminina, tudo se mistura de forma explosiva numa escola de subúrbio, quando duas professoras se cruzam...e partilham um segredo.
O diário que Judi Dench escreve, é o único elemento estável em toda a narrativa, tudo o resto (personagens e vidas) seguem em circulo descendente até ao culminar da acção.Terminamos com uma paisagem fria, pouco iluminada e deserta, apenas pontilhada com os prédios da cidade que vemos ao fundo...e é precisamente aqui, neste deserto que existe entre nós e os outros, que tudo se desenrola, com a certeza que, seja qual for a postura que assumamos perante os outros, e seja quais forem as opiniões que deitemos cá para fora, a solidão corrói, enruga, faz-nos definhar.

segunda-feira, 13 de agosto de 2007


Sei um ninho.

E o ninho tem um ovo.

E o ovo, redondinho,

Tem lá dentro um passarinho.

Novo.


Mas excusam de me atentar:

Nem o tiro, nem o ensino.

Quero ser um bom menino

E guardar

Este segredo comigo.

E depois ter um amigo

Que faça o pino

A voar...

Miguel Torga

obrigada a todos os meus amigos acrobatas, passarinhos e gente dotada de asas...

Le soleil et la lune


Sur le toit de l'hôtel où je vis avec toi
Quand j'attends ta venue mon amie
Que la nuit fait chanter plus fort et mieux que moi
Tous les chats tous les chats tous les chats
Que dit-on sur les toits que répéntent les voix
De ces chats de ces chats qui s'ennuient
De chansons que je sais que je traduis pour toi
Les voici les voici les voilà...

Le soleil a rendez-vous avec la lune
Mais la lune n'est pas là et le soleil l'attend
Ici-bas souvant chacun pour sa chacune
Chacun doit en faire autant
La lune est là, la lune est là
La lune est là mais le soleil ne la voit pas
Pour la trouver il faut la nuit
Il faut la nuit mais le soleil ne le sait pas et
toujours luit
Le soleil a rendez-vous avec la lune
Mais la lune n'est pas là et le soleil l'attend
Papa dit qui'il a vu ça lui...

Des savants avertis par la pluie et le vent
Annonçaient un jour la fin du monde
Les journaux commentaient en termes émouvants
Les avis les aveux des savants
Bien des gens affolés demandaient aux gents
Si le monde était pris dans la ronde
C'est alors que docteurs savants et professeurs
Entonnèrent subito tous choer

Le soleil a rendez-vous avec la lune
Mais la lune n'est pas là et le soleil l'attend
Ici-bas souvent chacun pour sa chacune
Chacun doit en faire autant
La lune est là, la lune est là
La lune est là mais le soleil ne la voit pas
Pour la trouver il faut la nuit
Il faut la nuit mais le soleil ne le sait pas et
toujours luit
Le soleil a rendez-vous avec la lune
Mais la lune n'est pas là et le soleil l'attend
Papa dit qu'il a vu ça lui...

Philosophes écoutez cette phrase est pour vous
Le bonheur est un astre volage
Qui s'enfuit a l'appel de bien des rendez-vous
Il s'efface il se meurt devant nous
Quand on croit qu'il est loin il est là tout près de vous
Il voyage il voyage il voyage
Puis il part il revient il s'en va n'importe où
Cherchez-le il est un peu partout

Le soleil a rendez-vous avec la lune...

Charles Trénet