terça-feira, 16 de outubro de 2007

A lenda da Moura Salúquia




Conta que a princesa e governadora da cidade (então chamada Al-Manijah), de nome Salúquia, filha de Abu-Hassan, se apaixonou pelo alcaide de Aroche, Bráfama. Na véspera do matrimónio, Bráfama dirigiu-se então com uma comitiva para Moura, a dez léguas de distância. Mas todo o território alentejano a norte e oeste tinha já sido conquistado pelos cristãos, e a jornada revelava-se perigosa. Entretanto, D. Afonso Henriques encarregara dois fidalgos, os irmãos Álvaro Rodrigues e Pedro Rodrigues, de conquistar a cidade de Moura.
Estando ao corrente dos preparativos matrimoniais que aí se desenrolavam, emboscaram-se num olival perto dos limites da povoação. Surpreendidos pela acção dos cavaleiros cristãos, a comitiva de Aroche foi facilmente vencida, e Bráfama foi morto. Então, disfarçando-se com as vestes dos representantes muçulmanos, os fidalgos cristãos dirigiram-se para a cidade. Do alto da torre do castelo, onde aguardava a chegada do seu noivo, e vendo aproximar-se um grupo de cavaleiros aparentemente islâmicos, Salúquia julgou que se tratava da comitiva de Aroche, ao que ordenou que lhes franqueassem as portas da fortificação.
Mas mal transpuseram a muralha, os cristãos lançaram-se sobre os defensores da cidade, tomados de surpresa, e conquistaram o castelo. Salúquia apercebeu-se então do erro que tinha cometido e, ferida pela certeza da morte de Bráfama, tomou as chaves da cidade e precipitou-se da torre mais alta do castelo, onde se encontrava.
Comovidos pela história de amor que os sobreviventes islâmicos lhes contaram, os irmãos Rodrigues teriam renomeado a cidade para Terra da Moura Salúquia. O tempo encarregar-se-ia de transformar esta designação para Terra da Moura, até que evoluíu para a actual forma de Moura.
A uma torre de taipa do Castelo de Moura ainda hoje se chama a Torre de Salúquia, e a um olival nas proximidades de Moura, aquele onde supostamente teriam sido emboscados Bráfama e a sua comitiva, o povo chama Bráfama de Aroche.

3 comentários:

joão matos disse...

Pois é :) existem muitas histórias de mouras em Portugal. Muitas delas bastante semelhantes. Esta porém parece-me que só a conheço associada a Moura. Todas elas tem um pouco de lenda e um pouco de verdade, o que a mim me parece natural, devido quer aos anos q vão passando e tornando mais dificil a lembrança de pormenores precisos quer ao facto de haver necessidade de 'apimentar' um pouco a história para cativar os ouvintes. Este tipo de histórias costumava ser contado em publico e para uma audiencia de pessoas q no final oferecia algum dinheiro ao contador de histórias. Observei esta tradição em Marraquexe e acredito q deveria ser assim o processo de transmissão de conhecimento entre parte da população muçulmana.


beijo

Sempre que tiver vagar... disse...

Pois é!e tu cá não és de intrigas e se conta é porque conta:P

É uma história muito bonita!!!
Viva mouraaaaaaaaaaaa;)
Beijinhos lambuzados!!!

Caracoleta disse...

Eu gosto de mulheres que se atiram de torres, com as chaves da cidade, por amor!!! Já ñ se fabricam mulheres assim!!! LOL
Se vocês soubessem a quantidade de lendas que há naquela terra...mas de vez em quando vou deixando por aqui uma ou outra pa aumentarem a vossa cultura pagã! =)